Neste ensaio, aborda-se a produção ficcional do escritor brasileiro Raduan Nassar (Pindorama ? São Paulo, 1935) por dois motivos fundamentais. O primeiro, de carácter estético, deriva do fascínio que desperta o estraordinário e elaborado discurso deste narrador paulista. O segundo, de carácter técnico-literário, assenta na intenção de atingir uma explicação convincente e reflectida acerca dos motivos do especial deslumbramento que produz a cultuada prosa nassariana. O estudo distancia-se do hábito de que levante mais interesse ?académico? o voluntário silêncio escritural do autor a partir de 1984, do que o seu próprio legado literário, breve, mas de uma intensidade ímpar: o romance Lavoura Arcaica (1975, mas escrito em 1974), a novela Um Copo de Cólersa (1978, mas redigido em 1979) e Menina a Caminho e outros textos (1994, reunindo contos dos anos 60 e 70). Edicións Laiovento quer, com esta publicação, favorecer a aproximação à obra de um autor invulgar que, afinal, em troca do barulho, deu ao mundo o seu silêncio e que, em troca da admiração provocada pelo esplendido fulgor da sua escrita, deu a sua indiferença ao afirmar: não há criação artística que se compare a uma criação de galinhas.